Sites de relacionamento se tornam redes solidárias

Segunda Feira 06 de junho de 2011


NEIDIANA OLIVEIRAneidiana@folhabv.com.br



Brasil - Diante das novas tecnologias de comunicação, muitas pessoas utilizam as redes sociais para promoverem a mobilização social via internet. Entre os sites mais utilizados no momento estão o Twitter, Facebook e o Orkut que, apesar de estar perdendo populaidade, continua em evidência no mundo virtual.

Os sites se tornaram uma ferramenta poderosa de mobilização social, para interação e disseminação de informação em prol de um pensamento em comum. Com isso, pode-se observar até que ponto as mídias sociais são capazes de interferir na esfera pública e de influenciar nos hábitos da sociedade.  

A funcionária pública Emília Nayara Fernandes da Silva acredita que a instantaneidade, na qual a informação é propagada por essas ferramentas, são as principais vantagens da mobilização on-line.

"A internet tem força para mobilizar muitas pessoas ao mesmo tempo, quando vários públicos são atingidos, independente da raça ou classe social, enfatizando que tudo é em tempo real, obtendo o retorno imediato”, afirmou.

Emília comentou que esse tipo de ação causa efeito importante na população, porém deve ser feita com responsabilidade. “A mobilização com foco social é uma boa opção de atiçar a solidariedade humana, mas as que não têm cunho social como, por exemplo, a da gasolina, devem ser deixada para os órgãos competentes resolver”, destacou.


MOBILIZAÇÕES SOCIAIS VIA QUE GANHARAM DESTAQUE

Entre as campanhas de mobilização social on-line, as que se destacaram são as que envolveram política como a crise no Irã após as eleições de 2009 e a crise que abalou o Senado Federal, no final do ano passado, com o caso de nepotismo envolvendo José Sarney.

No caso do Irã, os protestos partiram de internautas iranianos, os quais passavam informações para a imprensa internacional, por meio de mensagens pelo microblog Twitter sobre os acontecimentos cotidianos do país.

com relação ao caso do Senado Federal, o movimento "Fora Sarney" esteve entre os assuntos mais comentados do microblog. Dessa forma foi vista a participação ativa dos internautas, enquanto as manifestações nas ruas atraíam pouca gente.

CAMPANHA NATAL SOLIDÁRIO

Para a assistente administrativo Jane Lopes da Costa, o Twitter tem despontado como uma importante ferramenta de mobilização social. A principal meta é envolver a população em ações de solidariedade em prol de alguém ou alguma coisa.

“São ferramentas que permitem que o internauta se comunique com muitas pessoas ao mesmo tempo, sem sair casa. A internet abriu um espaço democrático dentro da sociedade”, disse a assistente administrativo.

Jane foi a coordenadora da campanha criada no twitter denominada Natal Solidário, que arrecadou em torno de duas toneladas de alimentos e brinquedos, formando 100 cestas básicas completas, as quais foram doadas as famílias carentes da Capital. Nesse ano, a campanha já está sendo pensada, inclusive vai se expandir para o Facebook.

A ideia da campanha surgiu após uma conversa entre twitteiros. O objetivo era lançar a campanha no Twitter para cada internauta adotar uma carta do Papai Noel dos Correios. “Mas quando nos deparamos com a grandiosidade da ação, resolvemos ampliar e fomos em busca de ajuda tanto nos sites de relacionamento, quanto nos meios de comunicação”, comentou Jane.

A receptividade da população é boa com relação a essas ações on-line de solidariedade, pois hoje a internet não é somente mais um meio de comunicação, mas sim é uma ferramenta base de ações solidárias, além de servir como ponto de encontro entre amigos. “Divulgamos a campanha Natal Solidário nos sites do Twitter, Facebook e no Orkut”, complementou.

Este ano a campanha Natal Solidário vai começar agora, em junho, com a finalidade de beneficiar mais famílias. “No ano passado, começamos em novembro, muito em cima do Natal. Já este ano vamos começar com antecedência, para arrecadarmos um maior número de donativos, assim ajudarmos mais famílias carentes”, revelou à assistente administrativo. 

Jane disse que há um ano criou sua página no Twitter e desde então acessa frequentemente a ferramenta. “Utilizo o twitter não só para encontrar amigos, mas para promover ações de benéficas à sociedade. Também busco sempre me manter informada de tudo o que acontece no mundo por meio desse site”, frisou a assistente administrativo, enfatizando que só há poucos meses começou a utilizar o facebook.

CAMPANHA DA GASOLINA

Outra campanha de mobilização feita via internet é a relativa ao reajuste no preço da gasolina. O idealizador da iniciativa foi o presidente do Comitê da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Josann Frederico Ribeiro, que destacou que a ideia surgiu após a veiculação da notícia do aumento do preço da gasolina pelos meios de comunicação.

“Não podia ficar parado diante dessa injustiça, tinha que oferecer ajuda a população. Então resolvi enviar um e-mail que estava circulando a algum tempo no Facebook. A partir daí as pessoas, como viam a importância da campanha, que visa conseguir baixar o preço, começaram a participar”, comentou Ribeiro.

Para ele. o objetivo dessas ações on-line é chamar a atenção da sociedade, pois a maioria das pessoas se encontra hoje conectada. “Mas o que queremos de verdade é fazer pressão nos políticos diante das irregularidades”, destacou.

Com relação à receptividade dos internautas, Ribeiro declarou que existem muitas pessoas que acham uma coisa sem noção, sendo que elas não sabem que em algum momento essas campanhas chegarão às autoridades e poderão surgir efeitos. “Dessa forma, toda sociedade poderá ser beneficiada. Então devemos agir e dar nossa opinião, quando se fala em aumento de preço”, disse.

A campanha da gasolina mostrou a indignação dos consumidores e da população de modo geral, com o aumento do preço pela distribuidora BR, uma vez que a empresa afirma que não houve aumento e o que vemos é uma coisa totalmente diferente.

“A internet hoje é uma ferramenta muito importante para democratizar a sociedade e de juntar interesses em prol de uma causa comum, mas tem que saber ser usada principalmente pelas crianças que ainda não têm um censo crítico formado e são bastante influenciadas”, frisou.

A INTERNET COMO FONTE DE INFORMAÇÃO

A acadêmica Camila Costa disse que a internet é usada como propagadora de informação e incentivadora de mobilizações sociais, devido ao seu poder de abrangência.

“Hoje, diariamente, milhares de pessoas ficam conectados nas redes sociais em busca de notícias e também realizando ações que antes só eram feitas pessoalmente como, por exemplo, compras”, relatou.

Ela acrescentou que as causas beneficentes divulgadas no Twitter ou no Facebook sempre alcançam o resultado esperado, pois os internautas participam ativamente das campanhas, que não são apenas de solidariedade, mas também envolvem ações públicas como saúde, educação e política.

“Há pouco tempo houve uma campanha em Fortaleza titulada tapa buracos. O objetivo era atingir a prefeitura. Os twitteiros começaram a mapear as ruas esburacadas no Google maps, como forma de mostrar a situação das ruas da capital”, comentou Camila.

A estudante criticou a falta de estrutura do Estado com relação à internet de qualidade, citando que muitas pessoas optam pelo acesso no smartphone, que é a internet pelo celular, por ser mais rápida.

“A população até tenta buscar informações on-line, mas a questão é que a lentidão no acesso desmotiva os internautas, mesmo assim os sites de notícias e entretenimento são bastante acessados no estado”, enfatizou.

Segundo estatísticas, se o Facebook fosse um país seria o terceiro país mais populoso do mundo. “Hoje quem não tem uma conta no Twitter, Facebook, Orkut ou mesmo no MSN, é praticamente uma pessoa anônima, pois esses sites não são apenas para entretenimento, mas são fontes de informação”, comentou.

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