Acidentes de trânsito mutilam vítimas e fazem lotar hospitais

Quarta Feira 27 de Julho de 2011 


 
ANDREZZA TRAJANO
Boa Vista - Além de acolhedora, simpática e arborizada, Boa Vista virou também a capital dos mutilados no trânsito. Não é difícil presenciar cenas hollywoodianas, com carros capotados em locais onde aparentemente não deveria ocorrer esse tipo de tragédia.

Os acidentes se tornaram algo tão corriqueiro em Roraima, que beira o absurdo. Seja nas rodovias federais ou nas largas avenidas de Boa Vista, os jovens, principais vítimas, estão morrendo ou ficando com sequelas para sempre.

Não são raros os registros de pessoas que perderam os movimentos dos membros ou até mesmo tiveram pernas, mãos e braços amputados. Tudo resultado da combinação perigosa do consumo de álcool e direção, aliada à imprudência, imperícia e negligência no trânsito.

É o caso de um jovem de 34 anos que prefere não se identificar. Ele conta que sua vida mudou completamente depois de um acidente ocorrido há cinco anos.

Afirma que seguia por uma avenida preferencial de motocicleta quando foi colidido por outra moto. O condutor estava bêbado. Ele sofreu fratura exposta em uma das pernas, que lhe deixou sequelas até hoje.

Além da gravidade do acidente, o homem conta que passou por uma cirurgia ortopédica mal sucedida, que lhe deixou com uma perna sete centímetros menor que a outra agravando ainda mais o problema. Foram oito meses deitado numa cama, sem poder andar.

Ainda que faça uma cirurgia reparadora - que é o que ele deseja - um ortopedista já lhe avisou que o dano será apenas minimizado, não há solução definitiva.


Ele já foi para a mesa de cirurgia três vezes, mas teve o procedimento suspenso por falta de material médico hospitalar na rede pública. Aguarda que o Estado receba os insumos adquiridos para que a intervenção cirúrgica seja feita.

Pelo resto de sua vida, ele disse que não poderá mais jogar futebol, caminhar na praça, andar de bicicleta, entre outras atividades que gostava de fazer, mas que exigem esforço físico. Além disso, também desenvolveu um problema na coluna.

“Eu era um homem super ativo. Hoje, não consigo ficar muito tempo em pé, porque minha perna incha e dói. Esta tragédia afetou em 100% a minha vida”, lamentou.

O jovem faz um alerta para que o número de vítimas no trânsito seja reduzido. “Temos que dirigir por nós e pelos outros, pois há muitas pessoas imprudentes no trânsito. Também peço que a cidade seja mais sinalizada, pois atualmente a situação é precária”, desabafou.

REFLEXOS - Os acidentes não provocam apenas danos físicos e transtornos às pessoas. Também têm reflexos na economia e no mercado de trabalho, pois as vítimas precisam se afastar da produção ficando “encostadas” pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Apesar do órgão não ter estatísticas relacionadas sobre os beneficiários vítimas de acidentes de trânsito, não é difícil imaginar que este tipo de concessão tenha aumentado nos últimos anos, já que Roraima é um dos líderes de ranking nacional de acidentes de trânsito.

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