Invasões destruíram 13 milhões de m² de floresta em Manaus


Desde 2009, três grandes invasões resultaram na tomada de aproximadamente 1,3 mil hectares da capital.

15/03/2012


Diego Toledano Portalamazonia

MANAUS – A capital amazonense é, atualmente, a sétima cidade mais populosa do Brasil, com mais de 1,8 milhões de habitantes, espalhados por 48,4 mil hectares de território. Deste total, mais de 2%  é dominada por ocupações irregulares. Desde 2009, três grandes invasões resultaram na degradação de aproximadamente 1,3 mil hectares da capital – o equivalente a 13 milhões de metros quadrados.
As áreas da comunidade José de Alencar, Novo Aleixo e Eletroferro ganham destaque entre as 119 invasões descobertas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) nos últimos três anos. Em conjunto, as três áreas ocupadas seriam capazes de formar cinco bairros com as mesmas dimensões do bairro Adrianópolis (248,45 hectares).
A zona Oeste da capital ainda é a mais visada pelos invasores, por contar com a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tarumã. A região possui mais de 22 mil hectares de extensão, dos quais 21 foram alvo da invasão de 1.472 famílias que ocupam a invasão em março de 2010.
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A área deu origem à Comunidade José Alencar, alvo de constantes conflitos de reintegração de posse entre a Semmas e os moradores. A pasta realizou a  reintegração de posse em junho do ano passado, e monitora a área atualmente. A APA do Tarumã também foi vítima de uma segunda invasão, no Loteamento Paraíso Tropical. A Justiça Federal analisa a desocupação do local.
APA
O exemplo da área do Tarumã aponta para problemas socioambientais desenvolvidos por apropriações ilegais de terras. A chefe da Divisão de Áreas Protegidas da Semmas, Socorro Monteiro,  afirmou que as APAs fazem parte da categoria de conservação ambiental por meio da utilização dos recursos naturais de forma sustentável. “Além de ser um processo sem planejamento, a invasão acaba por danificar a fauna e a flora, colocando em perigo, por exemplo, as pessoas próximas aos igarapés”, alegou
De acordo com a especialista, as invasões desencadeiam a diminuição da saúde ambiental da área. “Mesmo que as populações invasoras sejam retiradas do local, a natureza entra em um longo processo de recuperação”, disse. A Semmas estimou que mais de 373 mil árvores foram destruídas ilegalmente, sem nenhuma compensação ambiental, apenas nas três maiores invasões do ano passado.
Os danos causados pelas invasões não se limitam às áreas florestais. Somente em 2011, a Semmas resgatou 927 espécies na área urbana de Manaus. Socorro disse que o número pode ser explicado pelo desequilíbrio ambiental. “Animais que moravam na área ambiental são afetados pela atividade predatória dos invasores e se deslocam para a região urbana da capital”, disse.
Doenças
As invasões afetam também os próprios autores das apropriações de terras. De acordo com a Semmas, os invasores são vítimas de doenças diarréicas, além de surtos de dengue e malária. Segundo a pasta, as invasões na área do Tarumã situavam-se em áreas endêmicas para a proliferação dos mosquitos transmissores das doenças.

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