Baixa escolaridade compromete salários de trabalhadores amazonenses

16/03/2012

A relação entre o rendimento do trabalhador e seu nível de escolaridade é salientada por especialistas

Foto: Reprodução/Amazon Sat 


Juçara Menezes  portalamazonia

MANAUS – Especialistas garantem: a educação pesa no bolso do amazonense. A maior parte da população economicamente ativa do Estado (56,87%) chegou apenas até o nível fundamental.  O percentual é próximo a outro dado. Sobre o rendimento mensal dos trabalhadores amazonenses, a maioria (444.398 pessoas) recebe até um salário mínimo (33,58%). O nível de educação está diretamente relacionado ao rendimento do trabalhador.
As informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também trazem outra questão relacionada. Entre os acima de 10 anos, 53,46% foram considerados sem instrução e com fundamental incompleto, somando 1.463.290 pessoas. É o chamado ciclo vicios, como explica o sociólogo e crítico político, Carlos Santiago: determinadas pessoas têm o salário baixo, logo terão uma educação mínima. Como resultado disso, viverão em uma moradia precária, os filhos não terão saúde e haverá a dificuldade de mantê-los na escola.
“Acontece o mesmo no movimento inverso. Quando se tem um melhor nível de escolaridade, o salário é maior, a casa é melhor, pode-se cuidar da saúde e da alimentação tendo, assim, como manter as crianças na escola por mais tempo. Sendo assim, a boa escolaridade dessa nova geração garante a essa família mais chances econômicas”, explicou o sociólogo.
Ciclo vicioso. Imagem: Ministério da Saúde. 

O Polo Industrial de Manaus (PIM) e o comércio são os maiores empregadores na capital. Os trabalhadores em linha de produção e os vendedores nas lojas do centro são maioria entre 27,24% que recebem entre 1 e 2 salários mínimos.
A relação entre o rendimento do trabalhador e o nível de escolaridade é salientada pelo economista Francisco Azevedo. E ainda completa: quando o cidadão ganha pouco, a saúde e o lazer também ficam comprometidos.
Somente a partir de um ganho melhor há mais recursos para alimentação. Com o aumento do salário mínimo, a população está se alimentando melhor. “Quanto mais recebe, o trabalhador dedica maior fatia para o rancho, o estudo e o lazer”, assinalou.
Políticas específicas podem melhorar o quadro
Questionado sobre indicações de como melhorar o índice salarial amazonense, Santiago ressalta a criação de políticas públicas específicas. As janelas de saída de crescimento e migração social (sair de uma condição inferior para um patamar mais na escala de classes econômicas) já estão em realização. De acordo com o sociólogo, o Programa Universidade para Todos (Prouni) é um desses caminhos. No Amazonas, ele lembrou das cotas de vagas para alunos de escola pública e advindos do interior, cedidas pela Universidade Estadual do Amazonas.

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