Doentes se alojam em quiosque de praça

26/04/2012
Foto: Raynere Ferreira


Naira Sousa/Folhabv

Boa Vista - Doentes e sem ter onde morar, sete pessoas (duas mulheres e cinco homens) estão alojadas em uma lanchonete na praça Ayrton Senna, na avenida Ene Garcez, há 15 dias. Sem nenhum auxílio, elas sobrevivem na medida do possível, pois não possuem renda, já que renunciaram os trabalhos na região do Apiaú, no Município de Mucajaí, em busca de assistência médica em Boa Vista.

As pessoas são oriundas de outros Estados, como Ceará, Piauí, Maranhão e Pará, e vieram para Roraima em busca de empregos e melhores condições de vida. Ao chegarem, conseguiram trabalho nas fazendas da região do Apiaú. Mesmo a renda sendo pouca não desistiram das tarefas, de cozinheira, por exemplo. O salário pago variava de R$ 300,00 à R$ 400,00.

Inabilitados a continuarem trabalhando, por causa de doenças e consequências de acidente de trabalho, eles se deslocaram para Boa Vista em busca de tratamento. Depois do atendimento no Hospital Geral de Roraima (HGR), Carli Silva, 48, diz que não tem mais dinheiro para comprar comida e alugar uma casa. A cozinheira quebrou a perna e permanece com o gesso. Na praça Ayrton Senna, eles dormem em redes.

Durante todo o dia de ontem, eles se alimentaram com manga e farinha. “Já procuramos a Prefeitura, Governo e parlamentares, mas nada foi feito para nos ajudar. Não estamos aqui porque queremos. Somos pessoas trabalhadoras que lutam por dinheiro digno, mas no momento não temos condições de trabalhar”, relatou Carli.

Hernandes da Silva está se recuperando de um acidente de trabalho. Ao chegar a Boa Vista ficou um mês internado no setor de trauma do Pronto Socorro. Depois disso, recebeu alta do médico. Sem ter para onde ir, se recupera com muitos esforços em uma rede colocada na lanchonete. Quase sem voz, ele relatou sua dificuldade. “Quebrei a cabeça e sofri muito durante o período no trauma. Agora estou aqui, sem me alimentar, como prescreveu o médico, e pedindo ajuda das autoridades”, disse.

Leoneidi de Castro, 44, mesmo doente, procura fazer bicos para levar alimentos para os amigos. “Procuro lavar louças nos lanches aqui próximo, em troca recebo comida. O pouco que consigo divido com os outros. Queremos um lugar onde possamos nos recuperar, para depois disso, procurar um trabalho e um lugar para morar”, apelou.

Deitado no chão coberto com um lençol, Marcelo Mota, sentia muita dor nos rins. O problema de anemia também compromete seu estado de saúde. “Meu problema está cada dia mais grave, sinto muita dor, já não sei o que fazer”, frisou.

SETRABES – A Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social (Setrabes) informou que mantém a Casa de Passagem, localizada no bairro Pricumã, para acolher pessoas que vêm de outros municípios ou de outros países e não possuem nenhum recurso, nem local para ficar. O serviço é gratuito e oferecido em período integral. O tempo máximo de acolhimento é de 15 dias. No local, são servidas três refeições diárias. A assessoria de comunicação informou que se o grupo tiver interesse pode se dirigir até o local para ser atendido.

Um comentário:

  1. Que vergonha enquanto todos enpenhados em roubar que é a unica coisa que esses politicos sabem fazer aqui em Roraima, os pobres coitados morrendo a mingua sem ter o que fazer e nem onde ficar isso é um absurdo gente elege mais esses comandantes que ai estao. A pura máfia e ninguem dá jeito nisso.

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