Argentina ameaça exportação do Amazonas

27/08/2013
Política de endurecimento no comércio exterior do País coloca em risco vendas da ZFM

Foto: Reprodução/shuttersotck


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MANAUS - Argentina pode ameaçar o modelo Zona Franca de Manaus (ZFM). As empresasargentinas só podem gastar um dólar em produtos importados se assumirem o compromisso de exportar outro dólar através de declaração. Por se tratar de operação informal, ficou conhecida como esquema “uno por uno” criado pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno.

O Amazonas acumulou US$ 598,2 milhões em operações de exportações, no período de janeiro a julho, um crescimento de 15,66% na comparação com o igual período do ano passado quando registrou US$ 517,2 milhões. Neste contexto internacional as operações de venda para a Argentina alcançaram o patamar de US$ 154,8 milhões, alta de 25,87% diante dos US$ 127,9 milhões exportados no igual período de 2012, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

O MDIC informou que essa declaração do “uno por uno” não é uma política comercial oficializada pelo governo Argentino. “Até onde sabemos, fala-se informalmente sobre esse documento na Argentina. Não existe uma posição formal do país vizinho”.

Ainda segundo o MDIC, este ano o comércio exterior vai bem com um aumento de 8% nas exportações, o que pode se considerar um valor significativo. Eventualmente, as dificuldades existem e o ministério trabalha para revertê-las. Nesta semana o ministro Fernando Pimentel, está na Ásia, participando de reuniões e rodadas de negócios com objetivo de ampliar os investimentos no Brasil e na ZFM, já está agendada uma reunião com o vice-ministro da China. O retorno do ministro Pimentel está programado para sexta-feira (30).

Problema diplomático

Argentina volta a represar as exportações brasileiras. Essa afirmação pegou especialistas econômicos de surpresa com a possibilidade de quebra de acordo firmado pelo Mercosul. De tal forma que toda a operação de importação na Argentina seja obrigada a dar garantia de reexportar o valor em dólar, cria-se uma dificuldade para o Brasil, de acordo com o economista, Jose Laredo “Se essa regra valer para o Mercosul, a Argentina está quebrando regras internacionais assinadas com o Brasil, Uruguai e Paraguai”, alertou.

Jose Laredo ainda disse que pode-se criar um problema diplomático com o esquema “uno a uno”. Porque a corrente de negócios de comércio, que entre os economistas é conhecida pela soma das importações com as exportações, entre o Brasil e Argentina é a mais importante da América Latina. E, na hipótese de não se incluir o Mercosul caracteriza-se outro problema na gestão da economia na Argentina. “Isso é uma medida de desespero, por estar havendo um descontrole total da dolarização que de fato já existe na economia Argentina e que a fuga do dólar está sendo muito grande tanto no mercado formal como pelo mercado informal, o que afeta o controle financeiro do país vizinho” na opinião do economista.

Relações tensas

Com base nas recentes medidas, percebe-se que o governo argentino tem sinalizado na direção do reforço da política de substituição de importações, por bens produzidos localmente, segundo o cientista político, Leobino Araújo. “O que pode ser bem ilustrado pelo que Guillermo Moreno chama de "uno por uno", em referência a um dólar importado deve ser igual a um dólar exportado”. Que, diante das barreiras argentinas e queda de 23% das exportações brasileiras, o governo Dilma Rousseff decidiu retaliar com maior rigor, retendo na fronteira principalmente produtos perecíveis.

Araújo lembra que com o imbrólio argentino, o mercado mais atingido foi o Mercosul, com queda de 16% nas importações, no qual a relação bilateral com o Brasil é a mais relevante. “Tal situação não deveria ocorrer entre países-membros de uma área que se supõe estar em estágio avançado de integração, a saber união aduaneira”. Os países deveriam priorizar uma agenda comum em relação ao comércio exterior, como por exemplo, a intensas importações de produtos chineses. Curiosamente, para tal situação de dificuldades nas relações comerciais deveria valer a frase do atual chanceler argentino: “quando há uma decisão política de resolver um tema econômico, ele pode ser resolvido”, citou Araújo.

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