Quarta Feira 01 de junho de 2011
Boa Vista - Protagonista de um suposto esquema para compra de votos, desarticulado pela Polícia Federal em setembro do ano passado, em plena campanha eleitoral, Márcio Parente procurou o Ministério Público Federal (MPF), no dia 6 de maio, e afirmou ter participado de uma “armação”. Ele foi preso quando distribuía cestas básicas em bairros da periferia de Boa Vista e chegou a ficar preso por alguns dias.
Em seu depoimento na PF, Márcio Parente alegou ter entregado as cestas a mando de Neudo Campos (PP), segundo colocado no pleito, e em seu poder foram encontrados santinhos de candidatos a deputado estadual, federal e a senador da coligação Pra Roraima Voltar a Ser Feliz.
A Folha teve acesso ao documento em que Parente informou ao procurador Claytton dos Santos que um secretário de Estado teria intermediado conversas entre ele e o governador Anchieta Júnior (PSDB), em agosto de 2010, e que teria aceitado receber dinheiro e a promessa de dois cargos comissionados no governo, em troca de informações privilegiadas de dentro do Comitê de Campanha de Neudo Campos, onde prestava serviços desde julho. O depoimento é assinado por Márcio Parente e possui ainda os nomes de dois advogados, que teriam servido de testemunha das declarações.
O acusado detalha toda a negociação, inclusive afirma ter recebido logo no primeiro encontro com Anchieta a importância de R$ 3 mil pela informação acerca de quatro colaboradores do Comitê de Neudo. Parente também afirmou ter recebido um aparelho celular, por meio do qual os contatos com o secretário estadual e o governador seriam feitos. Ele admitiu ter ido ao Conjunto dos Executivos, onde mora tanto Anchieta quanto o referido secretário, por várias vezes.
As conversas, conforme o depoimento ao qual a Folha teve acesso, aconteciam sempre à noite e algumas vezes durante a madrugada, dentro de carros e no Conjunto dos Executivos. Esses contatos, segundo Márcio Parente, aconteciam de duas a três vezes por semana. Ele também informou que desde o primeiro encontro passou a receber R$ 5 mil mensais, todos os dias 10, sendo que em duas oportunidades, de acordo com Parente, o próprio governador teria feito o pagamento. Os pagamentos seguintes, feitos até o início de maio deste ano, passaram a ser feitos por dois secretários estaduais.
A suposta “armação” para atribuir a Neudo Campos e outros candidatos de sua coligação o crime de entrega de cestas básicas, em troca de votos, teria sido combinado 15 dias antes da prisão. De acordo com o depoimento, para justificar o pedido, o secretário estadual que fazia a intermediação com Márcio Parente teria dito que o fato repercutiria de forma negativa para Neudo Campos.
Parente disse ter recebido R$5 mil para comprar as cestas, mas que teria usado apenas R$ 700. Ele citou o nome do supermercado onde fez as compras e toda a logística pensada pelo grupo para colocar o plano em funcionamento. Afirmou que os santinhos dos demais candidatos foram fornecidos pelo secretário estadual. Ele também cita a ajuda de um delegado da PF aposentado, ligado ao grupo político de Anchieta Júnior, como colaborador do esquema.
O acusado afirma que o advogado que o atendeu no dia da prisão teria sido enviado pelo secretário estadual e que teria resolvido denunciar o caso para o MPF depois de não ter atendido seu pedido de concessão de cargos comissionados.
A Folha procurou o Ministério Publico Eleitoral para confirmar a autenticidade das declarações. A assessoria do procurador Claytton dos Santos informou que Márcio Parente realmente prestou a declaração e que o documento é autêntico. Também afirmou que a nova declaração foi enviada à Polícia Federal para fazer parte do inquérito que corre na instituição acerca do caso.
OUTRO LADO – A Folha procurou a Secretaria de Comunicação do governo. O adjunto Gustavo Abreu informou que, por se tratar de um assunto da esfera eleitoral, não se pronunciaria e indicou a advogada Dizanete Matias, que responde pela defesa de Anchieta, para dar uma posição sobre o caso.
A equipe de reportagem conversou com Dizanete, que disse não estar ciente da declaração de Márcio Parente. Ela afirmou não ter trabalhado na campanha e que sabe apenas das informações que estão nos autos do processo.
Fonte: Folha de Boa Vista
Foto: Élissan Paula Rodrigues
Em seu depoimento na PF, Márcio Parente alegou ter entregado as cestas a mando de Neudo Campos (PP), segundo colocado no pleito, e em seu poder foram encontrados santinhos de candidatos a deputado estadual, federal e a senador da coligação Pra Roraima Voltar a Ser Feliz.
A Folha teve acesso ao documento em que Parente informou ao procurador Claytton dos Santos que um secretário de Estado teria intermediado conversas entre ele e o governador Anchieta Júnior (PSDB), em agosto de 2010, e que teria aceitado receber dinheiro e a promessa de dois cargos comissionados no governo, em troca de informações privilegiadas de dentro do Comitê de Campanha de Neudo Campos, onde prestava serviços desde julho. O depoimento é assinado por Márcio Parente e possui ainda os nomes de dois advogados, que teriam servido de testemunha das declarações.
O acusado detalha toda a negociação, inclusive afirma ter recebido logo no primeiro encontro com Anchieta a importância de R$ 3 mil pela informação acerca de quatro colaboradores do Comitê de Neudo. Parente também afirmou ter recebido um aparelho celular, por meio do qual os contatos com o secretário estadual e o governador seriam feitos. Ele admitiu ter ido ao Conjunto dos Executivos, onde mora tanto Anchieta quanto o referido secretário, por várias vezes.
As conversas, conforme o depoimento ao qual a Folha teve acesso, aconteciam sempre à noite e algumas vezes durante a madrugada, dentro de carros e no Conjunto dos Executivos. Esses contatos, segundo Márcio Parente, aconteciam de duas a três vezes por semana. Ele também informou que desde o primeiro encontro passou a receber R$ 5 mil mensais, todos os dias 10, sendo que em duas oportunidades, de acordo com Parente, o próprio governador teria feito o pagamento. Os pagamentos seguintes, feitos até o início de maio deste ano, passaram a ser feitos por dois secretários estaduais.
A suposta “armação” para atribuir a Neudo Campos e outros candidatos de sua coligação o crime de entrega de cestas básicas, em troca de votos, teria sido combinado 15 dias antes da prisão. De acordo com o depoimento, para justificar o pedido, o secretário estadual que fazia a intermediação com Márcio Parente teria dito que o fato repercutiria de forma negativa para Neudo Campos.
Parente disse ter recebido R$5 mil para comprar as cestas, mas que teria usado apenas R$ 700. Ele citou o nome do supermercado onde fez as compras e toda a logística pensada pelo grupo para colocar o plano em funcionamento. Afirmou que os santinhos dos demais candidatos foram fornecidos pelo secretário estadual. Ele também cita a ajuda de um delegado da PF aposentado, ligado ao grupo político de Anchieta Júnior, como colaborador do esquema.
O acusado afirma que o advogado que o atendeu no dia da prisão teria sido enviado pelo secretário estadual e que teria resolvido denunciar o caso para o MPF depois de não ter atendido seu pedido de concessão de cargos comissionados.
A Folha procurou o Ministério Publico Eleitoral para confirmar a autenticidade das declarações. A assessoria do procurador Claytton dos Santos informou que Márcio Parente realmente prestou a declaração e que o documento é autêntico. Também afirmou que a nova declaração foi enviada à Polícia Federal para fazer parte do inquérito que corre na instituição acerca do caso.
OUTRO LADO – A Folha procurou a Secretaria de Comunicação do governo. O adjunto Gustavo Abreu informou que, por se tratar de um assunto da esfera eleitoral, não se pronunciaria e indicou a advogada Dizanete Matias, que responde pela defesa de Anchieta, para dar uma posição sobre o caso.
A equipe de reportagem conversou com Dizanete, que disse não estar ciente da declaração de Márcio Parente. Ela afirmou não ter trabalhado na campanha e que sabe apenas das informações que estão nos autos do processo.
Fonte: Folha de Boa Vista
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