Sábado 21 de maio de 2011
Anderson Caldas - portalamazonia Foto: Antônio Diniz
Anderson Caldas - portalamazonia Foto: Antônio Diniz
A chamada tríplice fronteira tem por limites a Venezuela ao Norte e Nordeste, Guiana ao Leste, Pará ao Sudoeste e Amazonas ao Sul e Oeste. As relações culturais na área de fronteira reflete na rotina da sociedade roraimense que sofre influências indígenas, nordestinas, venezuelanas e guianense.
O poeta, cantor e professor Elikin Rufino nasceu em Roraima e acredita ser um colaborador ativo na construção da identidade cultural do Estado. Para ele, a multiplicidade forma um “caldeirão cultural” característico apenas da terra de makunaima.
“A sociedade roraimense, desde a sua formação, é uma sociedade de fronteira. A salsa, o run, a arepa da Venezuela; o dub, reggae e curry da Guiana; a presença indígena com os mitos, danças, a damorida: tudo isso reflete o caleidoscópio cultural vivido aqui”, argumenta o poeta.
O mais curioso para Eliakin nas relações entre fronteiras é o fato de ter na diversidade cultural, a identidade de Roraima. “Creio que a sociedade roraimense, obrigada a conviver com as diferenças, aprende pouco a pouco a respeitá-la. Estamos em processo, em formação, somos uma sociedade recente que experimenta a dor e a delícia de ser diferente”, comenta Eliakin.
Para a professora doutora do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Roraima (UFRR), France Rodrigues, o Estado é detentor de uma riqueza única. As fronteiras permitem que as populações dos países possam entrecruzar a própria trajetória histórico-cultural, o que cria novas identidades em campos artísticos e culturais.
“As influências estão nas músicas, nas danças, nas comidas e também na língua. O contato com a Venezuela, por exemplo, influencia na formação de palavras e termos híbridos utilizados nas conversas corriqueiras, bem como nos nomes de estabelecimentos comerciais”, destaca a professora.
A mistura de culturas dos países vizinhos forma outra cultura, característica da fronteira. A professora explica que as influências ultrapassam os limites políticos e jurídicos das localidades, pois a cultura não cria fronteiras para a própria expansão.
“O contato permanente, o ir e vir, o cruzar a fronteira cotidianamente pode criar sentimentos de pertencimento e identificação com as diferentes culturas, constituindo-se, assim, culturas inovadoras”, conclui a doutora.
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