Motoristas fazem fila em postos temendo falta de combustível

Terça Feira 07 de junho de 2011
 
 
Foto: Yana Lima


Boa Vista - Além de ruas e casas alagadas por causa das fortes chuvas, o risco de desabastecimento de alimentos e combustíveis é iminente. Desde a semana passada o Estado não consegue importar produtos do Amazonas, seu principal fornecedor. O temor de que poderá faltar combustível em Boa Vista, levou centenas de motoristas a enfrentarem filas nos postos ontem à noite. Em alguns estabelecimentos a gasolina acabou, devido ao aumento da demanda. Muitas pessoas também encheram carotes para armazenar o produto em casa.  

Ontem, faltou gasolina em um posto no Pricumã, que pratica um dos preços mais baratos e em outro estabelecimento localizado na avenida Ene Garcez. 
O jornalista Raimundo Siqueira enfrentou 20 minutos numa fila para abastecer seu veículo. Ele encheu o tanque a R$ 2,90 o litro. Segundo ele, havia várias pessoas com carotes. “A estrada [BR-174] está interrompida e não sabemos quando o problema será solucionado, então, é melhor garantir”, disse. A Distribuidora da Petrobras fica em Caracaraí e ontem estava sem energia elétrica. A previsão é que hoje o abastecimento seja normalizado. Já as distribuidoras que ficam em Manaus (AM) estão sem condições de enviar o combustível para a capital roraimense. 

Por volta das 21h, a Folha registrou fila em praticamente todos os postos da área central da cidade. Na maioria havia mais de cinqüenta carros e a fila ultrapassava uma quadra. O temor de que faltaria combustível em Boa Vista se espalhou principalmente pelas redes sociais da internet. Por volta das 22h19, a Folha não conseguiu contato com o sindicato dos donos de postos para falar sobre o assunto.

ALIMENTOS - Muitas pessoas também postaram comentários sobre estocagem de comida. A ideia é fazer um estoque de alimentos, já que existe alto risco de faltar produtos nos supermercados. 
De acordo com o presidente da Associação de Supermercados de Roraima, José Saraiva Júnior, algumas frutas regionais e verduras como: mamão, melão, cheiro verde e alface, estão em falta.

Os que ainda estão disponíveis duplicaram ou triplicaram de preço. Um exemplo é o tomate, onde o quilo, que antes era comercializado a R$ 4,00 subiu para R$ 7,60. “Se a situação não for resolvida em cinco dias, teremos desabastecimento, inclusive de produtos de primeira necessidade”, disse. Saraiva Júnior ainda não mensurou os prejuízos, mas avalia que se não houver uma “trégua” das chuvas, os estragos no comércio serão grandes. 

Segundo ele, pequenos produtores insistem em trazer alguns produtos, porém em pequena quantidade. Esses insumos vêm de Manaus ou de cidades da região sul de Roraima em veículos pela BR-174 até Caracaraí, onde a rodovia está bloqueada. 

De lá são repassados para uma pequena balsa, que fica no município, e segue até Boa Vista pelas águas do rio Branco. Essas mercadorias, afirma, são em pequena quantidade, por isso que não têm como ser contabilizadas. 

A balsa não tem capacidade para transportar caminhões carregados de produtos nem grande quantidade de insumos. O proprietário da mercadoria ainda precisa contratar funcionários para abastecer a balsa e retirar os produtos e também colocar o óleo diesel. O que na avaliação dele, inviabiliza a venda, em razão do alto custo.  

Ao longo da rodovia, vários caminhões estão parados carregados de produtos, uma vez que não têm condições de seguir para Boa Vista. Quando chegam frutas e verduras regionais, diz Saraiva Júnior, elas logo saem das prateleiras. O ônus, causado pelas chuvas, é dividido com os clientes. 

BALSAS - A assessoria de comunicação do Governo de Roraima informou que para o transporte de alimentos e combustíveis disponibilizará em breve três balsas. As embarcações ficarão em Caracaraí e trarão os insumos até a capital roraimense. 

Também informou que o governo disponibilizará aviões e barcos para fazer o transporte de pessoas, produtos de primeira necessidade e combustíveis, e solicitará à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a doação de 300 toneladas alimentos não perecíveis para os desabrigados. 
 
Fonte: Folha de Boa Vista

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