Caminhoneiros vão fechar BR-174 para protestar contra buraqueira

Sexta Feira 05 de Agosto de 2011

Foto arquivo/folha



ÉLISSAN PAULA RODRIGUES

Boa Vista - Um grupo de caminhoneiros procurou a Folha para informar que vai interditar o trecho da BR-174 na altura do município de Rorainópolis, no sul do Estado, a partir das 6 horas desta sexta-feira, 05. O protesto tem o objetivo de chamar a atenção do poder público para as condições de trafegabilidade da via.

Claudecir Moraes, que trabalha no setor de transporte e frequentemente viaja de caminhão pela rodovia, disse que pelo menos 30 caminhoneiros confirmaram participação no ato. Ele informou que o local foi escolhido por ser estratégico e possuir hospital para atender alguma possível emergência.

O caminhoneiro destacou que apenas ambulâncias terão autorização para trafegar pela rodovia e adiantou que não existe um horário para que o protesto termine. Ele apontou como o pior trecho o que está situado entre a Vila de Jundiá, em Rorainópolis, na divisa com o Amazonas, e a sede do município de Caracaraí, com cerca de 300 quilômetros. “Estamos gastando até 15 horas para fazer esse percurso”, criticou.

Ele disse que os caminhoneiros se questionam sobre os valores que, segundo as propagandas institucionais, são aplicados na revitalização da BR. “Se esse dinheiro todo já foi liberado, onde está que não foi usado na estrada? As placas estão lá sinalizando que algo foi feito, mas está cada dia pior”, criticou.

O número de caminhões tombados na estrada devido às condições também foi salientado pelos manifestantes. “A situação de tráfego é insuportável. São vários caminhões tombados toda semana por falta de conservação na estrada e muito prejuízo financeiro com peças e pneus que estouram. Na semana passada falamos com pessoas do governo e nos informaram que havia empresas para tapar buracos, mas até agora nada”, ressaltou.

O grupo afirmou que vai pedir a presença do governador Anchieta Júnior (PSDB) para negociar e chegar a um entendimento sobre a situação. “Na época da enchente, pessoas ligadas ao governo iam a Caracaraí e diziam para a imprensa que estavam fazendo algo e que tudo estava normalizado, mas nada disso estava acontecendo. Os caminhoneiros fizeram o porto para a balsa poder encostar e passar os caminhões. Não recebemos nenhum centavo para fazer isso. Colocamos material para fazer as rampas, e os veículos também. Se não estivéssemos unidos, nada teria acontecido”, relatou.

Sandra Ribeiro, que também atua no ramo de transporte, disse que o protesto também quer sensibilizar o Ministério Público Federal no sentido de cobrar a devida aplicação dos recursos liberados para a restauração da estrada. “No verão passado não foi feito melhoria, só tapa-buraco. E quando chegou o inverno, a obra foi parada. Hoje a BR-174 está intrafegável e as áreas alagadas estão fazendo atoleiros, e o governo só colocou sacos de areia. Se não está mais chovendo na região, por que os buracos não foram tapados?”, questionou.

O prejuízo dos caminhoneiros, segundo ela, se estende às mercadorias transportadas nas carrocerias, que chegam ao destino com avarias, que têm que ser pagas pelos transportadores. “Temos que arcar com os prejuízos porque o cliente não tem culpa pelo estado da BR. No verão passado começaram a recuperar, mas foi só na época da campanha. Tive caminhão tombado por causa da má conservação da estrada”, frisou.


Categoria cobra ainda melhoria de estrutura no posto de fiscalização

A caminhoneira Sandra Ribeiro dos Santos explicou que entre as reivindicações da categoria estão também melhorias no atendimento nos postos fiscais e na estrutura física do local, além de lacres para que, na falta do sistema, os caminhões sejam lacrados para a fiscalização ser feita na capital.

“Traçamos outras metas, como, por exemplo, queremos um ponto de arrecadação na capital que funcione 24 horas, para que seja expedido o Documento de Arrecadação Estadual, o Dare. Queremos ainda a liberação da reserva indígena e a fiscalização do excesso de peso na rodovia”, disse Sandra.

Os manifestantes também cobram a presença de autoridades no local, como representantes do Ministério Público Federal (MPF), para garantir que os problemas sejam solucionados. “Nosso objetivo é detalhar todos os problemas para que as autoridades tenham conhecimento da realidade, mas o que buscamos mesmo é a solução”, enfatizou.

O grupo pediu apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para ajudar durante a paralisação. “A ideia não é promover intrigas. Estamos somente realizando uma manifestação pacífica em prol de melhorias para a população, principalmente para quem trabalha com transporte de cargas nesse trecho”, declarou Sandra.

O chefe do Núcleo de Operações Especiais da Polícia Rodoviária Federal (NOE / PRF), Giancarlo Ghirotti, informou à Folha que a solicitação dos caminhoneiros foi atendida e que três equipes estarão se deslocando hoje para o monitoramento da movimentação. “Durante a paralisação, vamos fazer a inspeção do local, por meio de monitoramento, garantindo que não haja nenhum possível tumulto”, explicou.


Amazonenses também podem se juntar a protesto na rodovia federal

O jornal A Crítica, que circula em Manaus (AM), publicou matéria relatando que o transporte de cargas ao longo da BR-174 poderá ficar paralisado nos próximos dias em virtude de um protesto que os caminhoneiros que trafegam pelo lugar pretendem realizar.

O Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga do Estado do Amazonas (Sindccaceam) se reuniu para traçar as estratégias do manifesto e a data de quando a categoria deverá paralisar as atividades tanto em Manaus (AM) quanto em Boa Vista.

“Tanto os caminhoneiros de Manaus quanto os Boa Vista têm problemas em comum, como os trechos intrafegáveis a partir da área de Caracaraí, por exemplo”, informou o secretário-geral do sindicato, Sérgio Alexandre.

A decisão do protesto, conforme ressaltou Sérgio Alexandre, partiu do Sindicato de Caminhoneiros de Roraima, mas a categoria no Amazonas não descartou a possibilidade de convidar os transportadores que atuam naquele Estado para também participarem da paralisação.

"A ideia é paralisar o tráfego na estrada tanto aqui na saída de Manaus quanto em Boa Vista", destacou. Ainda segundo ele, no Amazonas, os trechos da estrada que estão em obras não apresentam problemas de tráfego.

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