O que muda no Bairro São Raimundo após inauguração da ponte sobre Rio Negro

MANAUS- Há 35 anos as balsas transportam pessoas, mercadorias e veículos do Porto do São Raimundo, zona Oeste de Manaus, para os municípios de Manacapuru, Iranduba e Novo Airão. Em média, 4 mil carros saem todos os dias do porto. Aos finais de semana esse movimento dobra. Por causa disso, alguns usuários chegam a esperar 4 horas na fila de carros para embarcar nas balsas. Mas essa realidade pode mudar, graças à construção da Ponte sobre o Rio Negro.

O Portal Amazônia conversou com os usuários e trabalhadores do local para saber qual a opinião deles sobre essa mudança.

Para os passageiros que não possuem carro, o transporte pela ponte diminuirá drasticamente o tempo de viajem. O agricultor Nonato da Cunha, 48,  morador do município de Iranduba, vem a Manaus três vezes por semana para comprar alimentos. Nonato costuma esperar até seis horas para atravessar o rio. “Com  a inauguração da ponte vamos poder encurtar esse tempo de viagem”, disse.

Foto: Eliena Monteiro/Portal Amazônia




Os usuários que possuem veículos também reclamam do tempo de espera nas filas, principalmente aos finais de semana. O comerciante Nilton Monteiro chega a esperar 4 horas para conseguir embarcar na balsa. 

Nilton, que há sete anos faz a travessia, cria expectativas com a inauguração da ponte. “Nas balsas esperamos 3 horas  para atravessar, com a ponte vamos levar uns 15 minutos para fazer a viajem”, disse.

Além do tempo, os passageiros também reclamam das condições de viajem e da conservação das balsas. O professor Rinaldo Antônio Rodrigues, 46, utiliza o serviço diariamente. Ele leva equipamentos de informática para as escolas públicas dos municípios de Iranduba e Novo Airão no carro da Secretaria de Educação do 

Estado do Amazonas (SEDUC).  Rinaldo disse que as embarcações não possuem um ambiente higiênico e seguro para os passageiros. “Os coletes salva-vidas são tão sujos que ninguém tem coragem de usar, nos finais de semana as pessoas bebem e ficam nas janelas, correndo o risco de cair na água”, denunciou.

Nove  balsas partem do porto com destino aos municípios de Manacapuru, Iranduba e Novo Airão. Os motoristas pagam de acordo com o modelo do veículo. Os passageiros que viajam sem veículo não precisam pagar a travessia. As balsas não têm os horários de saída e de chegada definidos, assim que lotam de veículos elas partem. Mas a primeira balsa sai às 4h e a última sai às 11h30. As embarcações levam, em média, 55 minutos para chegar do outro lado do rio.

Foto: Eliena Monteiro/Portal Amazônia



Trabalhadores não temem mudanças

Apesar de saberem que as pessoas provavelmente vão deixar de utilizar as balsas e passar a usar a ponte para atravessar o rio, os trabalhadores das embarcações não temem a mudança. O comandante da Balsa 

“Boto Navegador 1”, Pedro Santos da Silva, 49, há 18 anos trabalha no porto. O comandante disse que as balsas serão realocadas e que por isso acredita que a abertura da ponte não ameaça o trabalho dos tripulantes. “Vamos para outro porto e lá teremos novos clientes. As balsas deverão passar por uma reforma e a gente vai se readequar no novo local”, disse.

Segundo a assessoria da Sociedade Navegação Portos e Hidrovias do Estado do Amazonas (SNPH) assim que ponte for inaugurada, as balsas do Porto do São Raimundo para o Porto da Ceasa. A SNPH pretende oferecer cursos de capacitação para que esses trabalhadores migrem para a área de turismo. Do Porto da Ceasa as balsas sairão para o Careiro, Nova Olinda do Norte e Autazes.

Foto: Eliena Monteiro/Portal Amazônia



Lanchas

Além das balsas, mais 22 lanchas transportam pessoas e mercadorias todos os dias para os municípios. As primeiras lanchas também fazem a primeira viajem às 4h e a última às 11h30. Os trabalhadores das embarcações acreditam que o movimento vai cair bastante, mas pretendem se readequar, migrando para o turismo, por exemplo.

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