Operários ameaçam parar obra na BR-174

Segunda Feira 25 de Julho de 2011



YANA LIMA


Os funcionários da empresa CMT Engenharia e Egesa (do consórcio Seabra-Caleffi), que atuam na restauração da BR-174, disseram que irão paralisar as atividades a partir de hoje. Os motivos seriam os salários atrasados e protesto frente ao não pagamento de multas rescisórias de trabalhadores demitidos.

A empresa é uma das investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF), por conta da doação a candidatos e partidos no pleito do ano passado. A CMT Engenharia doou R$ 1,1 milhão, distribuídos entre o PMDB roraimense e às campanhas do deputado federal Luciano Castro e do governador Anchieta Júnior. Já a Egesa repassou R$ 782,8 mil ao diretório nacional do PR, controlado por Alfredo Nascimento e ao diretório amazonense.

A lei de licitações permite que duas ou mais empresas se unam para execução de uma determinada obra. Foi o que aconteceu na restauração do trecho de Caracaraí até o igarapé Callefi, que ficou sob responsabilidade da empresa, que reuniu duas consorciadas: a CMT Engenharia, do Amazonas e Egesa de Minas Gerais. O canteiro de obras fica na vila Martins Pereira, a 20 km do município de Rorainópolis.

Segundo o presidente do Sindicato Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada de Roraima (Siticop-RR), Fabiano Xavier, a crise aconteceu depois que a empresa mineira teria abandonado o serviço, há quatro meses.

Desde então a CMT teria arcado sozinha com o andamento das obras. Segundo o presidente do Siticop-RR, a empresa teria necessitado realizar empréstimos bancários para poder honrar com o pagamento dos funcionários.

Desde então os trabalhadores relatam atrasos no pagamento em até 20 dias. Além disso, segundo o sindicato, dos cerca de 125 trabalhadores que atuavam no local houve uma demissão em massa que reduziu este número para 80. “A empresa alega que o inverno dificultou o andamento das obras e está se valendo disso para demitir”, disse Fabiano.

Até o momento, os trabalhadores que foram demitidos aguardam suas verbas rescisórias, e segundo apurou a reportagem, vários outros trabalhadores que continuam vinculados à empresa teriam manifestado interesse de se desligar, no entanto a empresa teria afirmado não possuir verba e nem previsão para o pagamento dos direitos trabalhistas dos funcionários.

Além disso, segundo o presidente do Siticop-RR, a empresa estaria recolhendo mensalmente o valor referente a contribuição para o sindicato, no valor de R$ 6 por trabalhador e não estaria repassando este dinheiro para a entidade há três meses.

A Folha apurou, de forma extra-oficial, que o governo já estaria licitando o trecho para outra empresa, comentário que deixou os trabalhadores ainda mais inseguros. No entanto, a reportagem não conseguiu contato com a Secretaria de Infraestrutura (Seinf) para confirmar ou não a informação. O administrador da empresa também não foi localizado. Os telefones da sede da empresa também não foram atendidos.

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