Ciência estuda variabilidade genética do tambaqui da Amazônia

Amazônia
Objetivo é conhecer os estoques naturais do peixe, identificando se existe uma única população de tambaqui



Portal Amazônia, com informações da Fapeam

MANAUS – Pesquisas indicam que a maioria dos tambaquis capturados na natureza ainda pertence a uma população jovem, o que pode vir a prejudicar o crescimento populacional da espécie. De acordo com a doutora em Biotecnologia, Maria da Conceição Freitas Santos, já há relatos sobre a dificuldade para a pesca do tambaqui maior que 50 cm. A pesquisadora, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), desenvolve uma pesquisa que estuda variabilidade ou variação genética do pescado para garantir a sustentabilidade da espécie.
A pesquisa é denominada ‘Caracterização da diversidade genética de populações naturais de tambaqui (Colossoma macropomum) através de marcadores moleculares: uma contribuição para conservação da espécie’.  Realizada com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o estudo já revelou que existe uma única população de tambaqui dentro da Bacia Amazônica brasileira.
Na prática, a descoberta significa que é possível unificar o manejo do tambaqui, ou seja, pode-se retirar uma quantidade de tambaqui de uma área e repovoar em outra com escassez de indivíduos. O único lugar onde a espécie apresentou diferenciação genética fica na Bolívia, possivelmente devido às corredeiras presentes no Rio Madeira, o que dificulta o cruzamento da população de ambos os países.
De acordo com a doutora, a variabilidade ou variação genética é, de uma forma bem simplificada, uma medida de quão diferente um indivíduo pode ser de outro da mesma espécie. Quanto maior é essa variação, maiores serão as chances de sobrevivência de uma espécie diante de mudanças no ambiente ou ocorrência de doenças. “Imagine um lago com 100 tambaquis e que todos tivessem o mesmo gene (sem variação) para tolerar uma temperatura em torno dos 30º C. Se houver uma frente fria com temperatura em torno 18º C a 20º C, todos os indivíduos tenderiam a morrer”, explicou.
A pesquisa procurou abranger toda área da bacia amazônica onde vive o tambaqui, nas localidades situadas no Rio Solimões, Rio Amazonas, Rio Purus, Rio Juruá, Rio Madeira, Rio Tapajós e Rio Mamoré-Guaporé na Bolívia. Só não pode ser foi feito no Rio Negro devido a espécie ser menor nesta área.

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