FAB resgata corpo de piloto em reserva

Foto: Janderson Nobre


VANEZA TARGINO

BOA VISTA - A equipe de Salvamento Aéreo de Resgate (SAR) da Força Aérea Brasileira (FAB) resgatou no sábado o corpo do piloto Paulo Rogério dos Santos, 39, que desapareceu na última terça-feira, 22, quando retornava da aldeia Halikatou, na região Palimiú, na terra indígena Yanomami, com destino ao aeroporto de Boa Vista. A aeronave foi localizada às 11h40 numa área de mata fechada, que fica a cerca de oito milhas (duzentos quilômetros), do Baixo Mucajaí, cinco dias após o acidente aéreo.

O resgate foi feito por militares do SAR que retiraram o corpo das ferragens da aeronave modelo Cessna 210 L, de propriedade da empresa Paramazônia Táxi Aéreo. O corpo do piloto estava preso ao cinto de segurança do avião que caiu de bico na mata fechada. A localização foi feita devido a sinais do radar e de observação da área da equipe de salvamento. Até sábado, nenhuma informação sobre as causas do acidente foram reveladas.

O corpo do piloto chegou por volta das 14h na pista da Base Aérea de Boa Vista e a Folha acompanhou o momento da chegada até a entrega aos agentes do Instituto Médico Legal (IML) por volta das 15h de sábado. A Folha apurou que Paulo Rogério sofreu politraumatismo e fratura da base de crânio devido à queda do avião. No mesmo dia o IML fez a liberação do corpo para a família que sepultou Paulo na manhã de domingo, no Cemitério Parque Campo da Saudade.

Segundo amigos e conhecidos, o piloto Paulo Rogério de 39 anos, tinha vários anos de experiência e começou a pilotar ainda jovem. A família do piloto foi contatada, mas até o fechamento da matéria, o filho Ruan Negreiros Santos não respondeu as ligações.

VOO – A Folha apurou que o piloto fez dois voos no dia do acidente e durante o retorno do terceiro voo, a aeronave sofreu pane e caiu. Ele estava conduzindo professores indígenas e merenda para a escola estadual que fica na comunidade indígena Halikatou. A empresa Paramazônia Táxi Aéreo, mantém contrato com o governo do estado para transporte aéreo em regiões de difícil acesso.

SECD – A Assessoria de Comunicação Social da Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Desportos (Secd) informou que a aeronave Cessna 210 L, da empresa Paramazônia Táxi Aéreo, transportava apenas os professores Kasis Buduutheli e Nair Buduutheli e uma criança menor de idade.

Eles desembarcaram na comunidade Halikatou, na região Palimiú, Terra Indígena Yanomami. O avião perdeu a comunicação e entrou em pane logo após ter deixado a tripulação e ter decolado com destino a Boa Vista.

RESGATE – O capitão Dênys Oliveira, responsável pelo resgate, explicou que a localização foi possível a partir de informações estimadas sobre as coordenadas da aeronave antes de cair, o que orientou a equipe a realizar busca detalhada no local.

“Fizemos uma busca detalhada, a partir das informações do radar obtidas na sexta-feira. Sabíamos que poderia estar naquela região. Um dos nossos mecânicos avistou a aeronave e fizemos uma aproximação vertical para não perder a visão, pois a região é muito complicada de mata fechada. A busca foi bastante técnica e detalhada. O ponto fica no meio do caminho entre a comunidade indígena e Boa Vista”, explicou.

Quanto às condições da aeronave, o capitão informou que está com a parte dianteira comprometida, mas as asas estão inteiras. “O piloto estava dentro da aeronave e no seu assento, preso pelo cinto. Infelizmente, a posição que a aeronave caiu foi fatal”, disse, ao lembrar que o resgate demorou uma hora para retirar o corpo do piloto. 

O capitão Dênys destacou que um dos fatores que prejudicou a localização da aeronave foi o tipo do terreno e área de mata fechada do local da queda. “Existem variações de altitude que dificultaram a localização”, revelou, ao informar que não sabia dizer a causa da morte. “Somente o IML pode confirmar: se foi o impacto da queda que causou a morte do piloto ou o impacto de alguma parte do corpo dele com o painel. Não podemos especular”.

Foram empenhados nas buscas 34 militares de Boa Vista e outra equipe do Salvaero Amazônico na parte de planejamento. Duas aeronaves foram utilizadas. O comandante da missão confirmou que a equipe de salvamento passou várias vezes pelo ponto onde o avião caiu nos dias de busca. 

“Mas hoje [sábado], tivemos a felicidade da localização. A condição de posição do sol, onde a aeronave passou, conseguiu visualizar o avião que estava embrenhado no mato. A mata é muito densa e com árvores de 40 a 50 metros’, justificou.

O Cessna C-210, matrícula PT-IOT, ainda não foi retirado da mata. A investigação dos possíveis fatores contribuintes para o acidente será realizada pelo Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA-7).

A Folha apurou que as investigações serão feitas no local e depois dessa fase a aeronave será retirada e levada para Manaus, onde é feita a investigação das causas do acidente e pesquisa da possível pane.

NOTA – Em nota oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o VII Comando Aéreo Regional localizou no sábado às 11h40 (horário de Manaus) o Cessna C-210, matrícula PT-IOT, que estava desaparecido desde a última terça-feira. “A aeronave só tinha o piloto a bordo e lamentavelmente ele foi encontrado sem vida”.

“O PT-IOT havia decolado da pista da aldeia Halikatou com destino ao aeroporto de Boa Vista. Às 14h11 (horário de Manaus) da última terça-feira, o Salvaero Amazônico (RCC-AZ) foi informado que o piloto da aeronave tinha a intenção de realizar um pouso de emergência nas proximidades do rio Mucajaí e não houve mais contato, desde então”, diz o texto.

A nota informa ainda que o Salvaero Amazônico iniciou, imediatamente, a coordenação da operação de busca e resgate, que até o momento empregou duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), um helicóptero H-60 do 7° Esquadrão do 8° Grupo de Aviação (7º/8 GAv), sediado em Manaus (AM) e um avião SC-105 do 2° Esquadrão do 10° Grupo de Aviação (2º/10º GAv) sediado em Campo Grande (MS). As aeronaves da FAB voaram 47 horas e cobriram uma área de 2.600 km². Também foram empregados 34 militares na missão.

A aeronave PT-IOT foi localizada a aproximadamente 118 km do local de origem em uma área de difícil acesso. O resgate do piloto foi realizado pela tripulação do helicóptero da FAB. A investigação dos possíveis fatores contribuintes para o acidente será realizada pelo Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA-7).







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