Imigrantes haitianos abrigados no Amazonas sonham com São Paulo

Sábado 28 de janeiro de 2012

Em Manaus, mas com vistas à grande metrópole, imigrantes querem ir para o sudeste, afirma titular da SRTE.



Foto: Divulgação/AM


Juçara Menezes - portalamazonia
Manaus - Pesquisas mostram que o sonho dos haitianos é São Paulo”. A afirmação é do titular da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego no Amazonas (SRTE/AM), Dermilson Chagas. Em entrevista ao portalamazonia.com, ele afirmou que, em conversas com os imigrantes, o órgão constatou que muitos decidiram guardar dinheiro para mudar de cidade. Atualmente, Manaus conta com cerca de 3,6 mil hatianos acolhidos em abrigos.
Segundo dados Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) em parceria com a Pastoral do Migrante da Igreja Católica, a capital amazonenses já registrou a chegada de 400 mulheres (12 grávidas); 25 crianças, desse total 18 recém-nascidas,já registrados como amazonenses. Do total de 3.175 homens, 2 mil já estão inseridos no mercado informal ou formal. O levantamento, referente ao dia 9 de janeiro, apontou ainda a existência de mil haitianos no município de Tabatinga (a 1.573 quilômetros de Manaus)
Leia também:

A presença dos haitianos em Manaus e no interior do Estado começa a preocupar a SRTE/AM. A tarefa do órgão é vistoriar os serviços oferecidos para os imigrantes à procura de emprego na capital. Segundo Chagas, a instituição já tenta encontrar uma soluação para os imigrantes. Em Brasília, a SRTE pretende negociar um Plano Setorial de Qualificação (Planseq), específico para o grupo. A Superintendência também troca experiências junto a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e outras secretarias municipais e estaduais, assim como Organizações Não-Governamentais e entidades de apoio para melhorar a assistência aos haitianos.
Mercado de trabalho
Levantamento da SRTE apontou que 1.391 haitianos já tiraram a Carteira de Trabalho e Previdência Social, em 2011. O órgão descobriu que a maioria deles (446 no total) têm o segundo grau incompleto, conforme gráfico abaixo:

Dados: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego
O dado é importante para melhorar o direcionamento dos cursos profissionalizantes, como de garçom e cozinheiro. Sobre a possibilidade dos haitianos sofrerem com trabalho análogo ao escravo, o superintendente não descartou a hipótese, mas garantiu a atuação da SRT na fiscalização e conscientização.
“Estamos nos reunindo com sindicatos, especialmente os da Construção Civil. Temos todo o cuidado com eles, no sentido de eles ganharem o mesmo que os outros e ter carteira assinada, por exemplo”, destacou Chagas. “Como não têm conhecimento sobre as normas brasileiras, tememos que se sujeitem a qualquer coisa”, completou.
Apoio Emergencial
A Seas já anunciou que vai ampliar o apoio emergencial aos haitianos com o aporte de R$ 400 mil para aluguel de um abrigo em Manaus e compra de mantimentos para os estrangeiros. Neste fim de semana, nos dias 28 e 29 de janeiro, a Seas vai doar 300 colchões aos imigrantes.  A informação foi dada pela secretária da Seas, Regina Fernandes, após reunião, na manhã desta sexta-feira (27), com representantes de organizações de apoio ao imigrante, da Igreja Católica e do procurador da Procuradoria do Trabalho da 11ª Região, Audaliphal Hildebrando da Silva.
Segundo a secretária, o aluguel do abrigo passará por licitação, que deve ser definida a partir da próxima semana. Outra ação emergencial coordenada pela Seas será a distribuição, a partir da primeira semana de fevereiro, de mil cestas básicas para os haitianos mais necessitados. Regina destacou ações assistenciais anteriores, como a doação de colchões e cestas básicas. As articulações para oferta de cursos de idiomas e encaminhamento para vagas de emprego serão mantidas.  “A ajuda antecede uma parceria entre Estado e Governo Federal, que sinalizou liberar mais R$ 500 mil para a aquisição de alimentos e prestação de serviços básicos”, concluiu a secretária.

Nenhum comentário:

Postar um comentário