Seis haitianos vivem refugiados em Roraima

Quinta 08/03/2012
Foto: Arquivo/Folha

ANDREZZA TRAJANO

Quatro haitianos buscaram refúgio em Roraima neste ano. Agora são seis que vivem aqui. Dois chegaram em 2011. A Região Norte virou porta de entrada no Brasil para milhares de habitantes daquele país que buscam uma vida melhor.

Dois anos depois do terremoto que devastou o Haiti, os haitianos têm migrado principalmente para países da América do Sul. Segundo dados do Ministério da Justiça, há aproximadamente quatro mil imigrantes haitianos no país, dos quais 1,6 mil já receberam vistos de trabalho. A maioria está nos estados do Acre e Amazonas.

Em janeiro, o governo federal anunciou uma política migratória específica para os haitianos, na tentativa de frear a imigração ilegal. As fronteiras com a Bolívia e o Peru foram reforçadas com o aumento do efetivo policial e patrulha em rios.

Do início de 2010 até janeiro passado, quase 3 mil haitianos chegaram a Tabatinga (AM). Em Brasileia (AC), havia 750 haitianos até janeiro, sendo que 60% já tinham conseguido regularizar a situação e aguardavam na cidade alguma proposta de emprego para seguir viagem.

Conforme dados da Polícia Federal, os dois haitianos que entraram em Roraima em 2011 estão vivendo em Boa Vista de maneira regular. Eles estiveram na Superintendência da PF para declarar a mudança de residência, um procedimento de praxe para imigrantes. Os outros quatro também adotaram o mesmo procedimento e vivem aqui de maneira regular. Porém, a reportagem não conseguiu apurar onde eles estão morando.

O pedido de refúgio deles ainda está sendo apreciado pela Polícia Federal e, até lá, não há qualquer impedimento para que permaneçam em território brasileiro. De acordo com o delegado da Polícia Federal (PF), Leonardo Pordeus, os dois haitianos que chegaram ao Estado em 2011 entraram por Tabatinga.

“Eles precisam comprovar os requisitos para que se enquadrem na condição de refugiados. Como se trata de uma situação emergencial, não existe rigor na apresentação da documentação deles”, esclareceu o delegado.

Se os haitianos tiverem a papelada aprovada, poderão ficar no Brasil até quando lhes for conveniente. Caso não consigam, terão que deixar o país imediatamente.

Em entrevista recente, Pordeus disse que não houve até o momento a necessidade de intensificar a fiscalização da PF na divisa com o Amazonas para conter eventual imigração dos haitianos em Roraima, uma vez que não há aqui informação de imigrantes ilegais, diferente do que vivem o Estado vizinho e no Acre.

Com a nova política migratória, os haitianos que atravessaram as fronteiras ilegalmente serão notificados pela Polícia Federal para deixar o país. Se não forem embora em oito dias, serão deportados. Por razões humanitárias, o governo antes estava acolhendo todos os haitianos que chegavam ao Brasil de maneia ilegal.

Ainda assim, uma entrada sem visto não deixará o haitiano "fichado". A imigração irregular não é crime, mas infração administrativa. Ele poderá voltar ao Brasil, se obtiver o visto em Porto Príncipe, capital do Haiti. 



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