Transportadores têm prejuízo na BR-174


RICARDO GOMES
Trafegar pela BR 174 sul, entre o Município de Caracaraí até a localidade de Jundiá, no Município de Rorainópolis, está se tornando uma aventura arriscada para quem depende da rodovia. Além dos prejuízos com a manutenção dos veículos, o atraso na entrega de mercadorias perecíveis é outra situação que tem dificultado quem depende da entrega, em razão dos inúmeros buracos em toda a extensão da rodovia.

O processo de reconstrução de 560,35 km iniciado a partir do Município de Caracaraí, até a divisa com o Estado do Amazonas, é o que apresenta pior conservação. As obras estão sendo executadas de forma lenta, dificultando o escoamento de mercadorias e o transporte interestadual de passageiros, o que tem sido alvo de reclamações pelos usuários.

O motorista Marcelo Tavares afirmou que as condições em que se encontra a rodovia requer bastante atenção e cuidado no transporte de passageiros. Ele acrescentou que a operação Tapa-Buracos foi realizada de forma precária e de nada adiantou. Como é feita com barro e piçarra, as chuvas pioram a situação e proporcionam outros prejuízos, a exemplo do desgaste de pneus.

“Realizar o transporte intermunicipal está se tornando uma atividade arriscada que requer atenção e cuidado com a segurança das pessoas. Todos os dias transporto dezenas de populares para os municípios localizados na região sul. Por diversas vezes já escapei de sofrer um acidente ao desviar de buracos. Faço uma pelo às autoridades para que cobrem a celeridade destas obras”, afirmou.

Na divisa entre as localidades de Caracaraí e Vila do Itã, irritado com as condições da BR-174, o motorista Afrânio Alves, que transporta gás uma vez por semana para Boa Vista, repudiou a demora na execução das obras. Disse que neste trajeto já encontrou diversos colegas com problemas mecânicos e até mesmo feridos por conta de acidentes que acontecem todos os dias, em razão da péssima manutenção que é executada.

“É realmente um descaso. Clamamos para que o poder público se sensibilize com as condições da rodovia e possa intervir cobrando agilidade no processo de recuperação. O impressionante é que o trecho dentro da reserva indígena era o principal empecilho para o transporte, mas atualmente é um dos melhores locais de tráfego ao longo da 174”, afirmou.
Quatro acidentes com veículos pesados são registrados no mesmo dia na rodovia

Um dos acidentes registrados pela Folha mostra os riscos diários a que estão submetidos os motoristas


A Folha flagrou com exclusividade vários acidentes de Caracaraí até o Município de Presidente Figueiredo, no Estado do Amazonas, além de veículos danificados por conta dos excessivos buracos na BR-174. Alguns casos acontecem em razão de manobras arriscadas dos motoristas ao tentarem desviar dos buracos para não danificar o veículo.

Um dos exemplos foi o acidente próximo à Vila do Itã, em Caracaraí, envolvendo um caminhão que transportava frutas para o sul do estado. Ao desviar de um buraco, o motorista perdeu o controle do veículo e tombou ao longo da rodovia.

Em seguida, um caminhão carregado de gás que vinha do Amazonas tombou próximo à localidade de Martins Pereira, após Rorainópolis. Além de duas carretas que seguiam para o Estado do Amazonas, que deslizaram na pista. Uma delas tornou o trânsito lento, sendo necessário sinalizar a pista próximo a Presidente Figueiredo, já no Estado do Amazonas.

De acordo com o gerente operacional e de logística da empresa, Sérgio Kronbauere, a carreta no momento do deslizamento não transportava nenhum produto perecível. O acidente, de acordo com informações repassadas pelo motorista da empresa, foi em razão da carga que seguia de Iracema a Manaus. Com as fortes chuvas na rodovia, ele não teve como controlar o veículo próximo a uma ladeira.

“Fora este acidente envolvendo apenas danos materiais, já contabilizamos diversos prejuízos em razão das péssimas condições em que se encontra a rodovia. É inevitável a perda de alguns produtos. Trafegar pelas condições em que se encontra a BR-174 requer muita atenção. Esperamos que as obras executadas sejam concluídas o mais breve possível”, disse o gerente.

Deit informa que obras estão tendo continuidade

O diretor do Departamento Estadual de Infraestrutura de Transporte (DEIT), José Eufrânio Alves, explicou que o motivo pelo atraso das obras neste trecho se deve à quantidade excessiva de chuvas na região, que impede a continuidade da primeira etapa desta rodovia, que compreende o alargamento e construção de encostamento.

Eufrânio esclareceu que, no final de semana, esteve visitando os trechos que estão em obras. Na oportunidade, esclareceu que a empresa CMT, responsável pela execução de Caracaraí a Novo Paraíso, está com todos os equipamentos no local, aguardando apenas o término da primeira fase, que compreende o alargamento da rodovia para a construção do acostamento.

“Realmente a chuva tem prejudicado sensivelmente a continuidade destes serviços. Mas estamos empreendendo um esforço junto às empresas responsáveis e após o alargamento da rodovia, passando de nove para doze metros, inicia a reconstrução da rodovia e os problemas em relação aos buracos estarão em parte solucionados”, disse.

Quatro empresas estão responsáveis pelas obras

Para a reconstrução de 560 km da rodovia, as empresas contratadas somam um total de R$ 494.352.743,19, divididas em quatro lotes. O primeiro compreende a divisa AM/RR (km 0), igarapé Arruda (km 102,89), da Delta Construções S.A, no valor de R$ 117.128.742,66.

O segundo lote vai do igarapé Arruda (km 102,89) até o igarapé Seabra (km 182,58), sob responsabilidade da Via Engenharia S.A., no valor de R$ 119.628.418,43.

O terceiro compreende o trecho do igarapé Seabra (Km 182,58) até o igarapé Caleffi (Km 281,65), do Consórcio Seabra Caleffi, no valor de R$ 139.420.968,50.

O quarto lote vai do igarapé Caleffi (Km 281,65) a Caracaraí (361,26), que está com a CMT Engenharia Ltda., no valor de R$ 118.174.613,60.

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