Adolescente morre afogado em igarapé

Sexta Feira 24 de Junho de 2011

Nonato Sousa/Folha de Boa Vista


Boa Vista - O que seria apenas uma mentira inocente para justificar uma tarde fora de casa resultou em tragédia para a família do garoto indígena da etnia Wapixana, Leonardo da Silva Souza, de 15 anos, que morreu afogado no Igarapé Ai Grande, à margem esquerda do trecho sul da BR-174, na saída de Boa Vista, próximo ao aterro sanitário. O fato ocorreu na quarta-feira e só na manhã de ontem o corpo do garoto foi retirado do fundo do igarapé por homens do Corpo de Bombeiros.

Leonardo morava no bairro Raiar do Sol com os pais e irmãos. Conforme a mãe dele, Gisele Pereira da Silva, era por volta das 14h quando três colegas dele, de idades entre 13 e 14 anos, foram a sua casa chamá-lo para ir ao encontro do professor deles, do Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil (Peti), no bairro Nova Cidade. Na verdade, os garotos foram para o igarapé.

Despreocupada porque imaginava que o filho estava com o professor, Gisele passou o resto da tarde em casa com os outros filhos aguardando o retorno de Leonardo. No entanto, a noite chegou e o garoto não voltou para casa. Preocupada com a demora do filho, ela disse que decidiu procurar o professor e então descobriu que os garotos não estiveram com ele, o que aumentou mais ainda a preocupação da mulher.

Junto com o professor, ela foi à casa de um dos colegas do filho que tinha ido chamá-lo para sair naquela tarde, ocasião em que o garoto revelou que eles haviam ido banhar no igarapé e Leonardo tinha se afogado depois de dar um mergulho. Como já era noite, não foi possível o resgate do garoto ainda na quarta-feira e ontem pela manhã os bombeiros foram para o igarapé fazer o resgate do corpo.

A morte de Leonardo deixou os pais transtornados. O professor disse à Folha que o garoto era tranquilo. Disse que Leonardo frequentava o programa no horário da manhã e destacou que os colegas dele sabiam que a mãe dele não o deixaria sair se não tivesse um motivo, por isso inventaram que iam encontrar com o professor.

Os pais de Leonardo revelaram que o filho não sabia nadar. Eles estranharam o fato de os colegas não terem ido avisá-los do afogamento cedo. O caso foi registrado no Plantão Central 2 da Polícia Civil e segue sob investigação.

Segundo informação de pessoas que estavam no igarapé Ai Grande, o local é fundo, o que contribuiu para a tragédia. “Estes garotos costumam banhar aqui e pulam de cima de uma árvore que fica na beira da água”, informaram.

O corpo de Leonardo foi removido ao Instituto de Medicina Legal (IML), para realização do exame cadavérico e depois foi entregue à família para providenciar o velório e sepultamento

Nenhum comentário:

Postar um comentário