Os listados entre os ameaçados de extinção são alvo da rota do tráfico nacional e internacional de animais
Layanna Franco - portal Amazonia - Foto: Divulgação/Ibama
MANAUS- A biopirataria e o tráfico de animais da fauna amazônica geram lucros cada vez mais altos. Animais silvestres chegam a ser vendidas por até R$ 50 mil no exterior. Os listados entre os ameaçados de extinção também são alvo da rota do tráfico nacional e internacional de animais. Apesar dos resultados obtidos por fiscalizações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) no combate ao mercado ilegal, evitar a ação criminosa ainda é um desafio travado no meio da floresta amazônica.
Calcula-se que o tráfico de animais silvestres retire anualmente cerca de 12 milhões de espécies das matas, segundo dados do setor de fiscalização do Ibama. Segundo o chefe de fiscalização do Instituto, Jeferson Lobato, os primatas, peixes ornamentais e araras, estão entre os principais animais alvos de traficantes. Ele afirmou ainda que os criminosos utilizam os mais diferentes recursos para transportar as espécies. Animais já foram encontrados em locais inusitados como caixas de chocolate e tubos de PVC. Em uma fiscalização, os agentes chegaram a encontrar um macaco escondido em uma peruca de cabelo.
De acordo com Lobato, os peixes ornamentais também são cobiçados internacionalmente. O pescado amazônico atrai a atenção de turistas em todo o mundo e é um dos principais alvo de fiscalizações do IBAMA contra o contrabando. Ainda entre os animais de maior interesse para o mercado internacional estão os tucanos, jibóias e aves com a arara-azul que chega a ser vendida por R$ 50 mil em outros países. Insetos e aracnídeos também se destacam no mercado ilegal por possuírem venenos e substâncias usadas em pesquisas e estudos farmacêuticos.
Rota do tráfico
Segundo o chefe de fiscalização do Ibama, os animais saem da fronteira da Bolívia com a Colômbia pelo aeroporto internacional colombiano. As espécies são dopadas para não fazerem barulho durante a passagem dos traficantes por portos e aeroportos, o que dificulta a fiscalização. A ação é um mecanismo para driblar o Ibama e Polícia Federal. O analista ambiental do Ibama, Robson Czaban, afirma que existem dois tipos de tráfico: o interno – para o consumo do mercado local – e o tráfico externo de comércio de animais para outros estados e países.
O Amazonas também faz parte da rota do tráfico por uma questão de logística, como no caso do contrabando de animais constatado na apreensão de mais de 200 canários no último dia 20 de junho no Areporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus. No Estado, os animais mais requisitados para comércio ilegal são os papagaios, araras, macacos, e bichos de casco – como tartarugas e tracajás-. Por ano, o Ibama registra uma média de 900 a mil apreensões de animais do comércio ilegal.
De acordo com relatório divulgado pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), 60% dos animais comercializados ilegalmente são para consumo interno, o chamado tráfico doméstico. Seguem para destinos internacionais 40% dos animais retirados da fauna brasileira. A exportação ilegal de aves e peixes ornamentais é feita, principalmente, para a Europa. Na Ásia, o consumo majoritário é de répteis e insetos. Já na América do Norte, o mercado consome principalmente primatas, papagaios e araras.
No Brasil, segundo o Ibama, as aves correspondem a 80% do total das apreensões de animais silvestres, sendo que destas, 90% são passeriformes, os pássaros, caracterizados pelo belo canto (curió, canário da terra, coleiros e trinca-ferro, por exemplo). Os psitacídeos (maioria papagaios, seguido de jandaias, periquitos e araras) representam 6% e as demais ordens de aves correspondem aos outros 4% das apreensões.
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