Indústria madeireira é responsável pelo desmatamento em RR, aponta Ibama

10/04/2012
Pesquisa do Ministério do Meio Ambiente mostrou um aumento de 363% no desmatamento comparado com o ano de 2010
Foto: Divulgação/MMA


Emmily Melo portalamazonia


BOA VISTA – Levantamento do Ministério do Meio Ambiente (MMA) apontou alto no desmatamento em Roraima entre agosto de 2011 a março deste ano, comparados com agosto de 2010 e março do ano passado e liderou o ranking de desmate entre as localidades analisadas na Amazônia. O aumento está ligado a maior produção da atividade madeireira no Estado.

Segundo o chefe de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis em Roraima (Ibama), Cássio Mendes, o aumento na degradação ambiental pode estar relacionada a quantidade de indústrias madeireira na região sul do Estado. Ao todo, 56 indústrias estão instaladas no município de Rorainópolis – o que representa 90% deste mercado no estado – onde aconteceu o maior índice de desmatamento.

Roraima apresentou um aumento de 363% de desmatamento da Amazônia Legal. O desmate subiu de 12 km² para 56 km². Apesar de o Estado liderar o ranking proporcionalmente, a área atingida em Mato Grosso é dez vezes maior, chegando a 637 km², o que representou um aumento de 96%.

A madeira é o principal produto exportado em Roraima. Dados da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan) registrou um montante de U$ 5 milhões em exportação de madeira. O aquecimento do setor reflete na Economia e alerta para adoção de manejo sustentável.

Assentamentos e Legislação

Conforme Mendes, outros fatores podem ter influenciado no aumento do desmatamento como a abertura de novos assentamentos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a votação do novo Código Florestal, a não detecção de área desmatada na última pesquisa, devido a quantidade de nuvens. O fator impede a visualização do satélite.

A Lei Complementar 140, de 8 de dezembro de 2011, que dá aos estados a competência para fiscalizar áreas, também é apontada como uma das causas. Segundo ele, a legislação permite ao Ibama apenas a fiscalização. “Hoje, para o Ibama, compete à fiscalização do desmatamento, cabe ao órgão estatal do meio ambiente em Roraima a aplicação de multas e o controle da liberação de indústrias madeireira autorizadas”, disse o chefe de fiscalização.

Segundo o diretor de licenciamento e gestão ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) em Roraima, Wagner Severo, o Plano Estadual de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas procura coibir as ações irregulares no Estado. Lançado em 2011, o plano possui três eixos: ordenamento e gestão territorial; monitoramento e controle ambiental e fomento às atividades produtivas e sustentáveis.

Segundo ele, a Femarh analisa os planos de controle ambiental e exploração florestal e realiza a fiscalização, junto aos órgãos proteção ambiental, onde as indústrias estão instaladas como vigilância na atuação das indústrias madeireiras. Apesar do aumento dos desmates, o índice não afetou significativamente o quadro geral do desmatamento da Amazônia Legal na avaliação do MMA. A degradação na região passou de 1.371 km² em 2011para 1.398 km² neste ano.

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