Cajuaçu, o gigante da floresta amazônica que esconde segredos e potencial

15/05/2025
Os usos do cajuaçu vão além da alimentação. Sua madeira tem alta qualidade, sendo usada para produzir celulose, embalagens leves, compensados e muito mais.
Foto: William Milliken/Royal Botanic Gardens Kew
Por: Diego Oliveira
Na vastidão da floresta de terra firme da Amazônia, um gigante silencioso se destaca entre as árvores: o cajuaçu (Anacardium giganteum). Com sua copa densa, ele pode alcançar impressionantes 40 metros de altura e mais de 1 metro de diâmetro de tronco, tornando-se uma das árvores mais imponentes da região.

Apesar das familiaridades, o cajuaçu não deve ser confundido com o caju comum (Anacardium occidentale), conhecido pelo pseudofruto comercializado em feiras e supermercados.

O cajuaçu é uma espécie nativa que cresce de forma espontânea na floresta e também pode ser encontrada em áreas de cultivo, sendo parte importante da biodiversidade amazônica.

Muitos nomes, uma árvore
No Pará é possível ouvir diferentes nomes para essa espécie: caju-bravo, caju-da-mata, cajueiro-da-mata, cajuí, cajuí-da-mata. Essa variedade de nomenclaturas populares gera confusões frequentes entre as diferentes espécies do gênero Anacardium.

Para tentar organizar esse emaranhado de nomes, botânicos recomendam um padrão para as espécies amazônicas:

Anacardium occidentale – caju
Anacardium spruceanum – cajuí
Anacardium giganteum – cajuaçu
Anacardium parvifolium – caju-da-mata-ocidental
Anacardium amapaense – caju-da-mata-oriental
Anacardium microsepalum – cajuí-da-várzea
Essa classificação não apenas facilita a identificação, como também ajuda em políticas de manejo, conservação e uso sustentável.

Fruto saboroso e madeira valiosa
Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o pseudofruto do cajuaçu “possui suco agridoce, bastante apreciado e consumido na região amazônica”. Seu sabor, segundo moradores locais, pode ser tão agradável quanto o do próprio caju.

Já a castanha – o verdadeiro fruto – contém uma amêndoa comestível que, como no caju comum, precisa ser torrada para eliminar toxinas.

Mas os usos do cajuaçu vão além da alimentação. Sua madeira tem alta qualidade, sendo usada para produzir celulose, lâminas faqueadas, embalagens leves, caixotaria e compensados. A casca, por sua vez, é aproveitada em processos de curtimento de couro.

Curiosidade
Outro aspecto interessante do cajuaçu está em seu tronco. Comumente marcado por estrias verticais, alguns indivíduos apresentam uma característica rara: o desprendimento da casca em placas.

Ainda não se sabe se esse fenômeno está ligado à idade da árvore, a fatores ambientais ou mesmo a variações genéticas dentro da espécie — um mistério que intriga pesquisadores e reforça o quanto ainda há para descobrir sobre a flora amazônica.

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