Ângela diz que Roraima vive situação ‘dramática’


A senadora Ângela Portela (PT) usou o plenário do Senado para classificar a situação vivida pela população roraimense como “dramática”. Ela disse querer chamar a atenção para problemas, que intitulou como “graves”, na administração pública local e se disse extremamente preocupada. Entre as questões vividas pela população, citou a procura por atendimento médico, escolas para os filhos e a necessidade em casos de emergências policiais.

De acordo com ela, a crise administrativa em Roraima vem se agravando a cada dia e os problemas não estão restritos à educação, tema que abordou em pronunciamento anterior, sobre a aplicação dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). “Há problemas graves na saúde pública, na segurança, na infraestrutura, no fomento ao setor produtivo e na gestão do funcionalismo estadual. Não poderia silenciar diante de situação tão extrema, que atinge a todos e, o mais grave, tem tirado vidas inocentes”.

Ângela Portela lembrou que o Governo de Roraima é responsável por mais de 70% de toda a economia do Estado e “simplesmente perdeu qualquer capacidade de apontar rumos, propor alternativas de desenvolvimento econômico e social e, principalmente, a capacidade de manter a máquina pública funcionando de forma satisfatória”.

Ao contrário de avançar, na opinião da senadora, o Estado está regredindo em importantes indicadores sociais. Para ilustrar a gravidade da situação, a parlamentar citou Edi Maria Kuhn Hirt, que morreu este mês, vítima de suposto erro médico no Hospital Geral. “Seria mais uma lamentável fatalidade, se não tivesse se tornado uma triste e macabra rotina em Roraima. Nos últimos meses, já se tornou comum no noticiário a perda de vidas nos hospitais públicos geridos pelo governo estadual. Faltam médicos, medicamentos, equipamentos, condições de trabalho e instrumentos mínimos para um atendimento digno”, afirmou.

Ângela Portela lembrou ainda a operação Mácula, da Polícia Federal, que identificou desvios de mais de R$ 30 milhões da saúde estadual em apenas dois anos, enquanto nos principais hospitais de Roraima cirurgias de emergência e eletivas são suspensas por falta de material.

A crise da saúde se repete em praticamente todos os setores do governo, de acordo com a senadora. Ela citou a paralisação de advertência por melhores condições de trabalho feita por policiais civis e o caso das delegacias de Pacaraima e Caracaraí, interditadas por falta de condições de funcionamento, com problemas que vão desde fossas estouradas até ausência de celas para os presos.

Ainda de acordo com a senadora, a crise também atinge o setor produtivo, os produtores rurais, a agricultura familiar, empresários, comerciantes, prestadores de serviços. “Não existe no horizonte qualquer esperança para o empreendedor roraimense. Pelo contrário, o que temos testemunhado nos últimos meses é a proliferação de pragas na agricultura: ácaro vermelho, ácaro hindu, mosca da carambola, são alguns dos problemas que derrubam a produção e causam prejuízos inestimáveis para nosso Estado”.

Para Ângela Portela, estas são notícias ainda mais tristes quando se sabe do grande potencial do Estado, da disponibilidade de recursos naturais e, principalmente, da grande quantidade de recursos financeiros que a União transfere para o Governo de Roraima atender a uma população que não chega a meio milhão de habitantes.

“A despeito da situação frágil da atual administração, cujos mandatos do governador e vice foram cassados pela Justiça Eleitoral, entendemos que são necessárias medidas emergenciais para devolver a Roraima às boas práticas administrativas. Como parlamentar, procuro fazer a minha parte da melhor forma possível, apresentando emendas ao orçamento para assegurar alguma capacidade de investimento aos nossos municípios, sugerindo projetos, peregrinando pelos ministérios, estatais e autarquias federais em busca de recursos, ocupando esta tribuna para falar das necessidades do nosso Estado”, desabafou a senadora.

Fonte: Folha de Boa Vista

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