Domingo 29 de maio de 2011
Foto: Divulgação
Boa Vista - Pela parceria Brasil e Canadá, por meio do Ministério da Educação, está em fase de edição o documentário ‘Um novo Olhar’. O filme faz parte do programa Mulheres Mil, que tem como objetivo oferecer capacitação profissional e tecnológica a cerca de mil mulheres desfavorecidas das regiões Norte e Nordeste.
O documentário foi produzido pelo Instituto Federal de Roraima (IFRR), a TV universitária da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e a câmera Pro Filmes. Na equipe de produção estão: Pedro Alencar, seis alunos do curso de jornalismo da UFRR e Éder Rodrigues que assina a direção do filme.
A película conta a história de sete mulheres reeducadas da Cadeia Pública Feminina de Boa Vista e foi gravado dentro do sistema carcerário. Das mulheres que deram seus depoimentos, cinco estão cumprindo pena e outras duas já estão fora do sistema prisional, ingressadas no mercado de trabalho. As entrevistadas assinaram termos de autorização cedendo os direitos do uso de imagem para as gravações
Elas contam voluntariamente os detalhes das suas prisões, os desafios na criação dos filhos dentro da cadeia e narram o que aprenderam com os cursos realizados pela equipe do Programa Mulheres Mil. No documentário elas desabafam a esperança de uma vida melhor, longe do crime e na busca para se integrarem à sociedade.
Uma das histórias comoventes de superação que está no filme é de R.S, presa há quase três anos, casada há 11 anos. R.S para não pagar aluguel foi morar com dificuldades junto com a mãe e as duas irmãs, que vendiam drogas. Arriscou-se em vender também, mas com poucos dias acabou presa. A mãe e as duas irmãs também foram presas pelo mesmo crime. Agora R.S. está cumprindo pena de oito anos, um mês e dez dias em regime semiaberto.
“Me arrependo de tudo, sempre penso nas minhas filhas e no meu filho que é o meu refúgio. Mas estou num lugar privilegiado. Fiz cursos teóricos e práticos durante um ano do programa Mulheres Mil e isso fez com que meu tempo aqui não ficasse tão pesado. Minha autoestima melhorou. Pretendo aplicar tudo que aprendi aqui na minha vida empresarial, quando sair daqui”, relembra ela, em depoimento ao documentário.
“A proposta do cinema voltado para as questões da minoria é um fato novo para nosso estado, eu costumo fazer referência dentro deste trabalho ao cinema novo, na década de 60, que permitiu que o Brasil fosse visto. Estamos produzindo um cinema social com as oportunidades que as tecnologias nos oferecem” conclui Éder Rodrigues.
O lançamento do filme está previsto para inicio de julho e será exibido inicialmente na Cadeia Pública Feminina, na UFRR e no IFRR. Depois destas primeiras apresentações o documentário será exibido nos municípios do estado e no Cine Sesc.
Roberta Cruz Folha de Boa Vista
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